Doença Dor Crônica
- Luciana Fernando Davi
- 24 de ago.
- 4 min de leitura
Sim, doença com CID (código internacional de doenças) e tudo. Não somente um sintoma.

O que é, sintomas, aspectos emocionais e como tratar
A dor crônica é uma condição que afeta milhões de pessoas no mundo. Por muito tempo, ela foi tratada apenas como um sintoma de outra doença. Mas hoje já sabemos que dor crônica é uma doença, tem CID, não somente um sintoma. Isso muda completamente a forma de compreender e cuidar dessa condição.
Neste artigo, você vai entender o que é dor crônica, por que nem sempre está ligada a lesão, como as emoções influenciam esse processo, qual o tempo de tratamento esperado e quais as melhores estratégias para recuperar qualidade de vida.
Dor crônica é sempre sinal de lesão?
Não. Nem toda dor é uma lesão. Muitas vezes, a pessoa sente dor mesmo quando não há um dano físico ativo.
Para que uma pessoa se enquadre na dor crônica, é necessário que os sintomas estejam em vigor com mais de 3 meses de duração (de forma geral).
A dor é definida como uma experiência sensorial e emocional; uma construção dolorosa. Isso significa que o cérebro interpreta os sinais vindos do corpo e dá significado a eles, levando em conta fatores biológicos, emocionais e sociais. Por isso, duas pessoas com a mesma condição podem sentir dores totalmente diferentes.
O que é lesão tecidual e qual sua relação com a dor?
Uma lesão tecidual é uma alteração biológica do estado de saúde de um ser (humano ou animal), manifestada por um conjunto de sintomas perceptíveis ou não.
Ela pode gerar dor, mas não obrigatoriamente. Alguns exemplos:
Muitas pessoas apresentam alterações em exames de imagem (como hérnias de disco, artrose ou degenerações) sem dor alguma.
Outras convivem com dor intensa mesmo sem que exames apontem uma lesão clara.
Isso mostra que dor e lesão não são a mesma coisa. Enquanto a dor aguda está mais relacionada a danos teciduais, a dor crônica é mantida por mecanismos mais complexos no sistema nervoso.
Por que a dor crônica tem CID?

A dor crônica passou a ter um código próprio na Classificação Internacional de Doenças (CID-11). Esse reconhecimento a coloca como uma doença independente, e não apenas como consequência de outras condições.
Esse marco foi fundamental para dar mais visibilidade ao problema e para orientar diagnósticos, tratamentos e políticas de saúde. Afinal, a dor crônica é um desafio global e impacta diretamente na funcionalidade, no trabalho e na qualidade de vida de quem convive com ela.
Qual a relação entre dor crônica e emoções?
A dor não acontece apenas no corpo. Ela é também uma experiência emocional. Estados emocionais negativos, como ansiedade, estresse e depressão, podem aumentar a sensibilidade à dor.
Isso não significa que a dor “está na cabeça”. Significa que o sistema nervoso, que processa a dor, é altamente influenciado pelas emoções.
Como as emoções interferem na dor crônica:
Ansiedade e medo aumentam a tensão muscular;
Depressão: reduz a motivação para se movimentar, perpetuando o ciclo da dor;
Estresse: libera hormônios que aumentam a sensibilidade do corpo;
Crenças negativas: “não vou melhorar”, “me movimentar vai piorar”, intensificam o sofrimento;
Catastrofização: "minha coluna é podre!, "meu joelho tá osso com osso"...;
Hipervigilância: ficar prestando atenção o tempo inteiro, mexer de força exagerada e com frequência e tocar (ou massagear) o local da dor. É como se o cérebro colocasse uma lupa, tornando a região maior em dor e desconforto do que o restante do corpo.

Tratar a dor crônica, portanto, também envolve cuidar da saúde emocional, utilizando estratégias como psicoterapia (TCC), mindfulness, respiração consciente e atividades prazerosas.
Em quanto tempo o tratamento da dor crônica mostra resultados?
É comum que pacientes perguntem: “quanto tempo até melhorar da dor crônica?”. A ciência mostra que, em média, são necessárias cerca de 12 semanas para começar a perceber resultados mais consistentes e duradouros.
Nos primeiros dias ou semanas já pode haver melhora, mas o corpo e o sistema nervoso precisam de tempo para se adaptar, fortalecer e reorganizar padrões de movimento e de percepção da dor.
Após esse período de cerca de 3 meses, os ganhos costumam ser mais estáveis, permitindo maior confiança, autonomia e funcionalidade no dia a dia.
Como tratar a dor crônica?

O tratamento da dor crônica deve ser amplo, progressivo e individualizado. Entre as estratégias mais eficazes estão:
Fisioterapia: promove movimento seguro, melhora a função e reduz a sensibilidade da dor.
Exercício físico regular: fortalece músculos, aumenta a confiança no movimento e melhora a disposição.
Educação em dor: compreender os mecanismos da dor reduz o medo, a ansiedade e aumenta a autonomia do paciente.
Autocuidado: sono de qualidade, boa alimentação e estratégias de relaxamento.
Abordagem multiprofissional: em alguns casos, médicos, psicólogos e outros profissionais podem atuar em conjunto.
Não existe uma solução única e rápida. O tratamento busca reduzir a intensidade da dor, melhorar a funcionalidade e devolver qualidade de vida.
Curiosidades:
Definição de doença:
Lesão tecidual. alteração biológica do estado de saúde de um ser (homem, animal etc.), manifestada por um conjunto de sintomas perceptíveis ou não.
Definição de dor:
Uma experiência sensorial e emocional desagradável associada ou semelhante àquela associada a um dano tecidual real ou potencial.
Conclusão: viver bem mesmo com dor crônica é possível
A dor crônica não é apenas um sintoma: é uma doença reconhecida, complexa e multifatorial. Nem sempre está ligada a lesão tecidual, mas envolve o corpo, o cérebro e as emoções.
O tratamento exige tempo, continuidade e uma abordagem integrada — que une fisioterapia, exercício, autocuidado e apoio emocional. Com o acompanhamento certo, é possível reduzir a dor, recuperar a funcionalidade e retomar uma vida com muito mais qualidade.
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